Friday, January 23, 2009
Jogos Mortais V
Cabeça achada no lixo.
Kleber Mendonça Filho
cinemascopio@gmail.com
Um pouco como a Exposição de Animais no Cordeiro, os filmes da série Jogos Mortais acontecem todo ano, nessa mesma época. O que começou em 2003 com um filminho de terror histérico, mas assistível, transformou-se num transtorno obsessivo compulsivo do mercado que sugere algum programa de auditório da tortura. Arremessa um conceito que virou lixo já a partir do segundo filme, e impressiona muito que o público pipoca-zumbi dos multiplexes continue pagando para ver esse tipo de porcaria. Ontem estreou Jogos Mortais V (Saw V, 2008), que não foi mostrado para a crítica pernambucana. Fomos ver o filme com o público, na sessão de pré-estréia.
Com a graça e a espontaneidade de uma micareta, a série Jogos Mortais chama a atenção em dois quesitos. Mesmo tendo visto os quatro filmes que vieram antes, é impossível ter a mínima lembrança dos últimos três, prova do quanto decidiram ejetar trama, enredo, narrativa e insistir nos mesmos visuais monótonos de sempre.
Temos, portanto, uma série de calabouços verde-musgo com luzes piscando e instrumentos de tortura metálicos cuja simples imagem parece atrair efeitos sonoros tão constantes quanto irritantes. Habitando esse espaço, as mesmas vítimas genéricas de sempre, o que apenas reforça a idéia de filme de sacanagem sem sexo, mas onde cada momento pornográfico é construído (muito mal, aliás, a montagem é o que não há) em direção ao orgasmo da morte.
Já comentado antes, é irônico que Jogos Mortais V seja lançado na mesma semana em que o circuito local recebe Violência Gratuita (Funny Games), do austríaco Michael Haneke, estudo professoral raivoso contra o tipo de alegria débil mental que vende tortura como impulsos pisca-pisca como forma de diversão.
Filme visto no Recfe UCI, outubro 2008
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