Friday, January 23, 2009

'RocknRolla', VRUUUMMM, VRUUUMMMM...



Kleber Mendonça Filho
cinemascopio@gmail.com


O mais novo filme do cineasta inglês Guy Ritchie (Snatch) tem sido considerado melhor do que o que vinha fazendo antes, e o filme chama-se RocknRolla (2008). Como realizador, Ritchie parece ter 10 anos de idade, a julgar pelos seus filmes dá quase para imaginá-lo fazendo "VrummmmMMMM", "VrummmmMMMM" com a boca enquanto dirige uma cena. Sua preferência pessoal, e o que tem lhe garantido algum sucesso em pequena escala na indústria, é o pastiche do filme de gangster com ambientação londrina. É também adepto de, em alguma cena, e sempre do nada, usar aquele FF brega que apressa a imagem em soluços nervosos que assola os trailers da indústria já há dez anos. Só que ele faz isso no próprio filme.

Mais uma vez, temos um grupo de bandidos supostamente simpáticos e uma trama tão complicada que depois de um tempo o espectador apenas assiste na esperança de que tudo dê certo. Os homens que deverão nos despertar simpatia são One Two (Gerald Butler), Mumbles (Idris Elba) e Handsome Bob (Tom Hardy), que vêem a possibilidade de ganhar dinheiro roubando um bilionário russo que está de olho num grande empreendimento imobiliário. O peixe grande londrino, administrador de corrupção no sistema (Tom Wilkinson), é o atravessador que também termina lesado pelo esquema do trio, e todos se metem numa incrível confusão.

O filme explora a atmosfera de dinheiro que marca Londres no século 21 (pré crise financeira mundial, aliás), com um mercado imobiliário super aquecido que oferece grandes oportunidades para quem tem o dinheiro, e outras ainda maiores para quem não tem. Usando isso como fundo, Ritchie faz suas mungangas com a câmera, com seu roteiro e com uma montagem desembestada que faz de tudo uma corrida maluca não se sabe bem para aonde.

Um outro personagem é tratado com especial carinho por Richie, o do astro pop viciado em crack, Johnny Quid, um agente do caos, talvez a criatura mais interessante de todo o filme ao lado dos dois capangas russos, prováveis criminosos de guerra (Chechênia?) que, mesmo aparecendo como meros objetos de cena, passam sensação desagradável de terror como ameaças indestrutíveis não muito distantes do primeiro Terminator (1984). Tandie Newton, como contadora do russo, aparece como brinde-mulher.

Menção horrorosa especial vai para Butler, o poste de 300, em talvez a pior atuação de um ator principal num filme que se tem notícia. Pouco à vontade em todas as cenas, ele parece estar tentando agradar não sei bem quem, com momentos particularmente constrangedores como numa cena forçada onde satisfaz os desejos homo-eróticos de um grande amigo. Não obstante o quadro aqui apresentado, não é possível negar que essa besteira seja incapaz de entreter minimamente.

Filme visto na Sala 7 THX do Box Guararapes, novembro 2008

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