Saturday, February 6, 2010

Shopping Droids

Venho recebendo emails sobre a série "Shopping Droids. I Said No", no meu http://cinemascopiocannes.blogspot.com/. Não sei de onde vem o desejo de registrar manequins, mas revendo as fotos, me lembrei desse belo episódio da Twilight Zone, feito em 1960, infelizmente apenas em inglês. Tentem ver. Dividido em 3 partes de 8 mins.

Elia Suleiman - O Que Resta do Tempo





Estreou no Brasil O Que Resta do Tempo (The Time That Remains, 2009), o filme que teria sido a minha Palma de Ouro em Cannes 2009. Tinha postado esse trecho de entrevista que fiz com ele em Cannes, vai aqui novamente. É sobre humor e opressão.

É um belíssimo panorama pessoal de uma história recente (a vida na Palestina, territórios ocupados sob o peso de Israel). O cinema feito a partir de um ponto de vista pessoal não tem como ser mais verdadeiro do que este, especialmente se juntarmos esse filme novo ao não menos essencial Intervenção Divina, que Suleiman apresentou em Cannes em 2002.

O toque de Suleiman nos lembra que o humor e a ironia são as maiores armas contra um estado de coisas que nos aflige e nos incomoda. K.M.F

Av. Brasília Formosa


Tita, Gabriel e Clara.


fotos KMF

por Kleber Mendonça Filho
cinemascopio@gmail.com


Avenida Brasília Formosa, de Gabriel Mascaro, estreou mundialmente no Festival de Roterdã, terça-feira. O filme passou numa tela Imax, onde uma semana antes, Avatar era exibido. A projeção foi linda. É o terceiro longa de Mascaro (KFZ-1348, Um Lugar ao Sol).

Na época do lançamento de Amarelo Manga (2002), comentei que, não obstante a força do filme, a dramaturgia de Cláudio Assis privilegiava as locações de um Recife duro, com personagens populares curiosamente habitados por atores importados do sudeste. Me chamava a atenção os personages reais do povo (que o filme supostamente abraçava) aparecendo sem fala e como figurantes, ali atrás, populando o quadro em desfoque.

Em Avenida Brasília Formosa, temos agora não-atores interpretando eles mesmos, ou, na verdade, sendo registrados nas suas rotinas, em Brasília Teimosa, bairro praieiro da zona sul do Recife. Esses personagens são apresentados a partir de ligeiros desvios ficcionais que seriam insuspeitos, caso o realizador não os apontasse informalmente.

Quase dez anos depois, Av. Brasília Teimosa talvez seja uma resposta digital e leve à dramatização CinemaScope 35mm originalmente vista no 'Manga'.

Curiosamente, o filme, que empresta sua câmera para uma idéia abrangente de "povo" (classe média baixa, iconografia difundida do 'pobre'), vem logo após Um Lugar ao Sol, onde Mascaro dedicou-se a um ataque histórico contra uma noção clássica de burguesia (classe alta, iconografia difundida de 'ricos'). No novo filme, fica clara a delicadeza de um olhar ecumênico, construtivo, de um cinema socializante.

Bem mais interessante do que esse aspecto, há os espaços da cidade, aqui documentados para o presente e para o futuro.

Filme visto no Pathé 5, Roterdã, Jan 2010