Monday, August 4, 2008

Complexo de Sala


Aluga-se Moças, 1982, Cine Moderno, fechado em 1997.

Não foi por acaso que a chegada do multiplex em 1998 viu o adeus aos últimos representantes do chamado "cinema de rua" no Recife. O Veneza, que nos anos 70 e 80 foi uma das salas mais luxuosas do Brasil, fechou em outubro de 98, um mês depois da inauguração do multiplex Tacaruna.

O Veneza entrou em decadência nos anos 90 com a abertura, em dezembro de 1988, dos Recifes 1, 2 e 3, salas que serviram de ponte entre os cinemas de rua e os multiplex. Eram vizinhas do Shopping Recife e localizadas na zona sul, área carente de cinemas na época. Ironicamente, os três Recifes foram fechados em setembro de 98, um mês depois da inauguração do então novo multiplex vizinho, revelando o aspecto predatório do mercado. Descarta-se o que é velho e investe-se no que é novo.

Nos anos 90, o centro da cidade perdeu quase todas as salas de rua sobreviventes (Trianon e Art-Palácio fecharam em 1992, Moderno em 1997) que reinaram imponentes desde os anos 30 e 40. Ao longo das décadas anteriores aos seus fechamentos, permaneceram ativos enquanto os cinemas de bairro fecharam, todos eles.

Na rua, e sobrevivendo já no ano 2000 com suas 1200 cadeiras (o balcão passava boa parte do ano fechado), ficou apenas o São Luiz, que terminou também fechado em 2006. Permaneceu sozinho no centro contra todos os outros cinemas comerciais instalados em shoppings. Agora, aguarda reabertura via incentivos do Governo do Estado. Obviamente que a noção de "velho" é relativa.

"O São Luiz de fato chegou a fazer 34 mil espectadores por semana, antes mesmo de fechar. Isso, claro, não significa que tínhamos sempre esse movimento. O cinema funciona em fases, como este mês de julho que é um dos melhores do mercado em anos recentes com sucessos como Kunf Fu Panda, Hancock e Batman", diz Pedro Pinheiro.

Como programador, ele lembra que era possível desenvolver, através da programação, personalidades para cada sala, ou um perfil. "Lembro que o Moderno era mais picante, ou passava filmes mais fortes de terror ou policial. O São Luiz era mais aventuresco e o Veneza filmes classe A, tanto no sentido alternativo como nos grandes lançamentos de qualidade. Hoje em dia, programa-se pelo tamanho da sala", diz. K.M.F

1 comment:

Daniel Aragão said...

kleber, você se lembra do último filme que passou na sessão de arte do Veneza? tenho a impressão que foi Boogie Nights... eu fui duas vezes ver esse filme lá, e me lembro que foram sessões lotadissimas.