Sunday, February 22, 2009

Man on Wire (O Equilibrista)


por Kleber Mendonça Filho
cinemascopio@gmail.com


Oscars e Razzies têm essa capacidade de te fazer lembrar momentaneamente de imagens vistas ao longo do ano passado, mais até (no meu caso) que numa tentativa de fazer listas em dezembro. Acho que pelo fato de os filmes já chegarem em listas, você olha o título e lembra do mesmo. Um dos que mais me impressionou ao longo do ano foi o Man on Wire, de James Marsh, cotado para ganhar Documentário (a Califórnia Filmes mandou email informando que o filme será lançado em abril no Brasil).

O que mais me impressiona no filme não é o exercícico de cinema em si, mas algo totalmente inerente ao mesmo, seu personagem principal, Philippe Petit. Esse francês me fez repensar totalmente a figura do artista.

Há essa dimensão filosófica para o artista, criador e 'performer', e na maneira que nós observadores nos relacionamos com ele/ela. Normalmente, a recepção da criação é muito associada à decodificação de signos e de toda uma bagagem cultural, emocional e intelectual que nos leva à valorização da arte.

No entanto, há pouquíssimos casos onde a criação específica de um determinado artista é tão espetacular em termos de conceito, realização, provocação e acabamento que o efeito da sua arte parece fazer ligação direta entre o olhar e o estômago, deixando que o cérebro e a alma se dêem conta da riqueza do todo tempos depois, ainda assim gerando enorme prazer intelectual.

Petit é um desses raros criadores.

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