Friday, January 23, 2009

Espelhos do Medo


"Adorei Garotos Perdidos!"

Kleber Mendonça Filho
cinemascopio@gmail.com


O titulo brasileiro é Espelhos do Medo (Mirrors, EUA, 2008), mas esse é o tipo de filme que poderia também se chamar Espelho Fatal, ou Espelho da Morte, ou Espelho Mortal. É um desses genéricos que dão má fama ao gênero terror. A estrutura, suspeita-se, vem de O Iluminado, de Kubrick, mas o tratamento é o mais rasteiro possível. Duas cenas !!g*r*a*t*u*i*t*a*s!! nos fazem lembrar que estamos vendo um filme de horror no sentido mais barato do termo, o resto poderia ser algum especial sobrenatural para a TV.

O diretor é o francês Alexandre Aja, que foi importado por Hollywood depois de fazer o muito interessante "assassino à solta" Alta Tensão (Haute Tension, tem em DVD), filme de grosseria memorável e sangrenta, do tipo violento demais até para os EUA. No seu primeiro filme americano, fez Viagem Maldita, refilmagem de The Hills Have Eyes (1977), de Wes Craven, ainda interessante, novamente pela agressividade.

Nesse Espelho Fatal (ou Espelho do Medo), temos um "tira" fracassado (Kiefer Sutherland) que aceita trabalhar como vigia noturno numa grande loja totalmente destruída num incêndio, cinco anos antes, na 6a avenida, em Nova York.

O cenário (na verdade, um prédio em Bucareste que o governo romeno de Nicolae Ceaucescu deixou inacabado) seria mais interessante se pudéssemos vê-lo direito, uma vez que o filme parece crer que ambientes escuros dão, necessariamente, medo. Kubrick parecia pensar diferente em O Iluminado, mostrando seu grande hotel de cabo a rabo com todas as luzes ligadas e, ainda assim, fez um filme de terror com T maiúsculo.

Sutherland, portanto, começa a ver coisas nos espelhos, e descobre que no incêndio morreram 45 pessoas. Não é exatamente um lugar alegre essa loja extinta, e logo ele irá pesquisar o passado do lugar que foi também um hospital psiquiátrico.

Ao invés de chamar o canal de TV mais próximo para mostrar a bagaceira sobrenatural, o filme faz o personagem agir misteriosamente econômico no seu estarrecimento ("tem alguma coisa no espelho!"), e logo será visto como insano, até mesmo quando alguém próximo a ele arranca a própria mandíbula numa das cenas horrorosas mais sem sentido que se tem notícia, suspeito que rebento da lógica Jogos Mortais.

Com outras claras influências dos filmes japoneses de terror recentes (cabelo, água no chão), Espelhos do Medo vai se arrastando em direção a um final que, visto o que passou durante a projeção, termina sendo uma idéia interessante nesse filme.

Filme visto no UCI Boa Viagem, outubro 2008

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