Thursday, March 12, 2009

Sex Drive


por Kleber Mendonça Filho
cinemascopio@gmail.com


Um doce para quem não abrir alguns sorrisos acima do amarelo com a comédia primitiva sobre adolescentes americanos com ganas de perder a virgindade que é Rumo ao Sexo (Sex Drive, EUA, 2008), estréia de hoje. A coisa é mesmo rudimentar e indefensável, mas há um contexto amável no filme sobre amizades e companheirismo que o colocam em alguma sub-categoria do gênero atualmente dominado pelos filmes de Judd Apatow, que fez os muito interessantes (eu juro que são) O Virgem de 40 Anos e Superbad, filmes, aliás, bem melhores do que esse.

Ian Lafferty (Josh Zuckerman) é um garoto de 18 anos com dupla personalidade, uma no chat on line, onde seria um jogador de futebol americano musculoso (a montagem da cabeça de Ian no corpo inchado é perfetamente horrorosa), outra na realidade, onde é um garoto normal, tímido, que se veste de rosquinha para divulgar a lanchonete onde trabalha, num shopping, e que observa preocupado todos se dando bem, menos ele.

Tímido demais para conseguir conquistar a menina que ele gosta, sua amiga Felicia (Amanda Crew), já experiente, ele monta um esquema com uma garota que mora numa outra cidade, via chat, a promessa de uma primeira vez com o tipo de menina boneca-inflável que aparenta ser a norma de beleza e atitude nos EUA.

Ian convida Felicia e Lance (Clark Duke), seu outro bom amigo, para irem de carro em direção ao encontro que irá resolver seu atraso. A viagem fica a umas 12 horas de carro e tudo vira um road movie depois que Ian rouba o Dodge anos 70 do irmão mais velho, troglodita que espera sair do armário.

Ian, Lance, um tipo intelectual cínico com sucesso entre as meninas, e Felicia se metem nas proverbiais ‘maiores confusões’, com direito a uma parada numa comunidade Amish que revela-se competente em festas e bebedeira, além de problemas no carro do possesso irmão, que os persegue.

É tudo meio cru e grosso, mas não sem alguma graça, como se os responsáveis estivessem a serviço de uma lezêra mas conseguissem incluir algumas verdades que presenciaram em algum lugar. Numa cena, por exemplo, Ian leva um fora de uma garota, numa festa, sua cara no chão observada por um outro convidado que sorri e diz “dureza, né?”.

Aspecto ainda mais positivo do que nos filmes de Apatow é a idéia de que o sexo existe e pode ser praticado pelos personagens principais, sem culpas ou moralismos, especialmente se as pessoas forem do bem. Para completar, a equação obrigatória nesse tipo de coisa – sexo = constrangimento – relativamente baixa, desta vez.

Filme visto no UCI Boa Viagem, Recife, Março 2009

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