Thursday, February 25, 2010
Toy Story (3D)
por Kleber Mendonça Filho
cinemascopio@gmail.com
O relançamento de Toy Story (EUA, 1995) em formato 3D (nas salas do país equipadas para o processo) marca o início de uma temporada de relançamentos previstos para o futuro próximo de filmes importantes comercialmente, feitos originalmente em 2D, agora reconfigurados para as três dimensões. A lista de promessas inclui Uma Cilada Para Roger Rabbit, Titanic e a trilogia O Senhor dos Anéis. Mostra a força desse formato, introduzido originalmente nos anos 50, mas que encontra nas novas tecnologias digitais atuais uma bonança de dinheiro.
Toy Story será seguido de Toy Story 2, semana que vem, antecipando o lançamento esse ano de Toy Story 3D. Eu não vi esta versão 3D do primeiro filme, pois não foi feita cabine de imprensa no Recife. Sabe-se que o processo de conversão levou quase dois anos, trabalho feito quadro a quadro.
De qualquer forma, não deixa de ser interessante poder rever essa que é a primeira obra em longa metragem da Pixar Animation, estúdio que, desde então, estabeleceu o mais alto padrão da indústria no gênero "animação”, eclipsando até mesmo os filmes da Disney, sua parceira de distribuição e, há alguns anos, sua proprietária, resultado de um negocio que garante, até hoje, liberdade criativa ilimitada para a Pixar, e lucros gordos para a Disney corporation.
O estúdio de animação digital surgiu de jovens como o próprio fundador da Pixar, John Lasseter (diretor de Toy Story) e Steve Jobs, o todo poderoso da Apple Computer. Crias da escola Spielberg/Lucas de cinema americano do entretenimento de marca autoral, e fruto de uma das regiões mais ricas do mundo (o Vale do Silício, na Califórnia), têm dado ao cinema, no ritmo de um filme por ano, obras diferenciadas que refletem em grande estilo um ponto de vista americano para a cultura e para a sociedade.
Toy Story é não apenas um grande filme, mas espécie de planta baixa desse cinema, que tem marcado presença anualmente com filmes excelentes como Monstros S/A, Os Incríveis, Procurando Nemo e, por último, Up – Altas Aventuras. Está aqui o fascínio por um mundo feito de plástico, provável reflexo da sociedade americana como um todo, sem nunca deixar de lado o aspecto humano de suas histórias.
Nessa trama espetacularmente divertida sobre uma sociedade secreta de brinquedos, todos pertencentes a um menino que pouco aparece, há lutas de poder entre dois possíveis lideres da gangue, um cowboy e um astronauta (Buzz Lightyear). O primeiro, mais cético, sabe da sua condição de brinquedo. O segundo, cheio de si, crê ser mesmo um astronauta. Ambos terão que enfrentar um menino vizinho, destruidor de brinquedos, vilão realista para com situação tão imaginada.
A capacidade que os filmes da Pixar tem de manter a atenção com uma infinidade de informações visuais eficazes está toda aqui nesse primeiro filme, assim como a habilidade que têm de se comunicar com o grande público. É uma das poucas instancias onde o cinema industrial oferece produtos artísticos orgânicos, mesmo que parte do que a Pixar anime tenha no plástico sua matéria prima.
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