Sunday, May 3, 2009

Nossos Ursos Camaradas

por Kleber Mendonça Filho
cinemascopio@gmail.com


Fernando Spencer, 82 anos, escreveu por mais de 30 anos para o Diario de Pernambuco, equilibrando ainda, ao longo dos anos, uma prolífica realização em cinema, suficiente para lhe reservar lugar de respeito na trajetória do cinema pernambucano. Spencer mostrou Nossos Ursos Camaradas fora de competição no Cine PE.

Nossos Ursos Camaradas é a nova obra de uma filmografia que já está na casa das 30 produções, marcando 40 anos de carreira para o cinema de Fernando Spencer, esse ano.

Seu novo filme é uma crônica bem humorada com aspecto de filme documentário antropológico misturado com uma graciosa narrativa popular. Investiga o papel que os ursos têm no imaginário pernambucano a partir de debochadas subversões que o lero peculiar das ruas é capaz de nos permitir, e esse urso é muitas vezes o amante da esposa, aquele que põe um belo par de chifres no marido inocente.

O filme surgiu de um pedido que Spencer fez ao amigo, escritor e folclorista Mario Souto Maior (falecido em 2001), um dos maiores pesquisadores da cultura em Pernambuco. “Pedi que me desse não mais do que uma lauda sobre os ursos, da La Ursa do carnaval ao urso que sai pela janela quando o marido o flagra na cama com a mulher”. Com 12 minutos de duração, o filme é narrado por Renato Phaelante, colaborador de Spencer já há algum tempo, e seu colega de Fundação Joaquim Nabuco (Spencer esteve à frente da Cinemateca da instituição entre 1980 e 2000).

Nossos Ursos Camaradas custou R$ 140 mil, um curta caro e, para a filmografia de Spencer, sua super produção. R$ 80 mil vieram pela Petrobras como uma incomum carta branca de realização para Spencer, honra que o levou a associar-se à empresa Página 21, que já administrara o importante projeto de lançar boa parte da filmografia de Spencer em DVD, há dois anos. Os produtores levantaram mais R$ 60 mil para o curta.

Conhecido como o cineasta das três bitolas (super 8, 16 e 35mm), Spencer deveria acrescentar uma quarta, o digital. Semana passada, ao reunir-se com a imprensa, reclamava do tempo que levou para que o filme ficasse pronto. “Minha escola é o super8, bitola que me oferecia um verdadeiro laboratório dentro da câmera”. Perguntado se gosta de poder ver o que filma no monitor digital das filmagens modernas, o cineasta afirma que “não, prefiro ter meu vistor analógico para ver o que eu quero”.

2 comments:

Anonymous said...

140 mil é um absurdo. O vovôzinho deve ter embolsado pelo menos 100 pratas disso aí, não é possível.

O filme é uma porcaria. E, mesmo considerando questões de produção, é evidente que não se gastou nem mesmo 40 mil nele. Ainda que se tenha feito um transfer 35mm.

Fernando Spencer é um diretor medíocre. Tem uma porrada de filmes, mas nenhum presta. Ele e seus defensores - ou quem não tem coragem de desmascará-lo - se valem do fato dele ter rodado numa época em que ninguém rodava. Esse senhor rodava os filmes porque tinha dinheiro pra isso, é essa a única razão. E mais: ele não sobrevive a qualquer análise artística.

Hanna Godoy said...

É inquestionável o valor das obras realizadas pelo diretor de cinema Fernando Spencer. Pelo simples fato de existir, seus filmes garantem, no mínimo, um rico registro de nossas tradições e costumes. As levianas e desrespeitosas colocações deste internauta anônimo só servem para expor sua total ignorância no que diz respeito aos processos inerentes à produção cinematográfica nacional.
Hanna Godoy