Wednesday, May 12, 2010

Quarta, dia de Robin Hood


Oh, esse Google...

Er... não.

Next...

Ok.


por Kleber Mendonça Filho
cinemascopio@gmail.com


A imagem de homens ainda instalando um tapete vermelho numa das calçadas da Croisette, em Cannes, meio que definiu o dia no maior festival de cinema do mundo. O filme de abertura, Robin Hood, passou na prestigiosa sessão de gala, mas teve as projeções de imprensa vazias como nunca antes visto no festival, fato talvez explicado pelo lançamento mundial do filme de Ridley Scott sexta-feira. A coletiva de imprensa do ‘industrialmente divertido’ filme de aventura parecia gerar mais interesse do que o filme em si, uma vez que a imprensa já havia visto a revisão de Scott e Russell Crowe (fizeram Gladiador juntos) para o herói universal.

A ausência em Cannes que todos comentavam era a do próprio Ridley Scott, que operou o joelho recentemente, ficando em casa sob ordens do seu médico.

Crowe, que também é produtor dessa nova versão do nobre ladrão de Nottingham, estava na função. Ele entrou na coletiva com os dois filhos pequenos, e parecia cochichar nos ouvidos dos meninos algo tipo “papai vai ali falar umas bobagens com essas pessoas e volta já, não se assustem com as câmeras e esses flashes...”.

Fez seu trabalho como o “talento classe A” que ele é em Hollywood, participando com paciência e bom humor às perguntas generalistas da imprensa global. “Brasil, Espanha, talvez Portugal têm boas chances, sim”, opinou sobre a Copa do Mundo.

O filme de Scott sugere o mesmo tipo de revisão que os recentes Jornada nas Estrelas e Batman Begins ofereceram, nos mostrando “o início de tudo”. É algo que Hollywood tem chamado de ‘reboot’, termo associativo do “reiniciar” um computador. Não é de se espantar que boa parte desses filmes tenham a fluência digital de um computador, com mega-ritmo para não aborrecer crianças de 13 anos e um estilo joão-ninguém ditado pelo montador, e não pelo diretor.

Nos melhores momentos da carreira de Scott (Alien, Blade Runner, Thelma & Louise), temos a impressão de estarmos vendo filmes. Nos piores, ele não parece passar de um empresário e gestor, e inclua aí o tão popular Gladiador.

“Está na hora de refazer Robin Hood? Sim, totalmente, embora nossas idéias iniciais dessem um filme de sete horas e meia”, disse Crowe. “Muitos foram feitos, e conheço toda a tradição deixada por Errol Flyn, Douglas Fairbanks, até mesmo a versão de Mel Brooks, A Louca Louca História de Robin Hood. De todo modo, não acho que um sequer tenha me dado as motivações desse herói popular”.

O ator australiano continuou “Numa época em que o inglês médio viajava não mais do que 20 kms do seu lugar de nascimento, temos um homem que conheceu a Palestina, um cosmopolita que viu a pobreza do seu pais e quis mudar alguma coisa”.

Hábil manipulador de mídia, Crowe respondeu com enormes aspas a pergunta sobre de quem um moderno Robin Hood roubaria, hoje. “O poder hoje está nas mãos de gente como vocês, que trabalham com a informação. O monopólio da mídia é o grande inimigo e fonte de toda a riqueza”.

A coletiva prosseguiu com perguntas sobre adereços de couro e sobre a cena em que Lady Marianne (Blanchett) ajuda Robin a sair da sua couraça de ferro estilo século 12. “Como foi a preparação para tirar aquela couraça?”, perguntaram a Blanchett. “Era de plástico”, finalizou a também australiana. Sua resposta foi ainda mais honesta não foi sobre o filme em questão, mas sobre seu trabalho ao lado de Liv Ullman na montagem de Um Bonde Chamado Desejo, em Sidney. “Liv é um míssil que só busca a verdade”.

Eu viajei a Cannes via Jornal do Commercio e Aliança Francesa Recife

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