Tuesday, May 26, 2009

Suleiman


por Kleber Mendonça Filho
cinemascopio@gmail.com


Minha escolha clara e evidente para a Palma de Ouro era o The Time That Remains, do Elia Suleiman, cineasta que me impressionou muito em Cannes 2002 com Intervention Divine. Naquele ano, me vi numa conversa muito estranha numa mesa de jantar com a assistente de direção do Amos Gitai, que também estava na competição naquela edição, com Kedma. Para resumir a história, ela não gostou nada nada de eu ter adorado o filme do Suleiman e de não ter gostado do filme do Gitai, desagrado que logo deixou o cinema e foi para as questões ancestrais que todos congecemos.

Contei essa história para o Suleiman, ne época (meses depois, no Rio), está na entrevista publicada com ele, no site que voltará em breve. A história revela questôes extra filme (ou talvez intra-filme, não sei, pois cada imagem dele traz carga política sugestiva) que revela as tais tensões enormes entre judeus e palestinos.

Esse ano, mais uma vez, uma amiga judia me repreendeu feio ao saber que The Time That Remains era o meu preferido. Obviamente que como brasileiro razoavelmente alfabetizado, observo tudo isso com interesse e um pouquinho de horror, e vejo que Suleiman faz seus filmes exatamente para combater com idéias e imagens.

Seu filme, uma série de vinhetas tiradas da sua vida, crescendo em Nazaré, território ocupado, de 1948 até os dias de hoje, foi um dos prazeres do cinema como imagem nesse festival, não apenas um filme de coração grande para Suleiman e seus pais, mas também como interpretação tensa e ácida sobre a vida sob o peso da opressão. O filme arrancou aplausos emocionados da platéia do Lumière com uma das grandes imagens do festival, um Suleiman dos sonhos dando um pulo olímpico com vara por cima do muro construído por Isreal.

Citar outros momentos do filme seria lhes privar de descobri-los vocês mesmos quando The Time That Remains chegar ao cinema (terá distribuição pela Imovision).

Em Cannes, eu conversei com Suleiman (que está também no Crítico, um dos grandes depoimentos do filme, aliás), e essa parte escolhi especialmente para postar aqui, onde fala sobre a capacidade de existir com humor sob opressão.

PS: Tvz o quadro do You Tube no blog esteja cortado pelo formato Wide do material, sugiro ir até o canal do CinemaScópio - http://www.youtube.com/user/cinemascopio - e ver lá, onde está correto.

Entrevista: KMF
Edição: Emilie Lesclaux

1 comment:

Tiago said...

kleber, quando Critico será disponibilizado? eu mesmo quero muito ver seu filme
obrigado