Wednesday, May 13, 2009

Spring Fever (Competição)


por Kleber Mendonça Filho
cinemascopio@gmail.com

Spring Fever (CHUN FENG CHEN ZUI DE YE WAN), de Lou Ye, passou agora há pouco para a imprensa. Ye esteve em Cannes há alguns anos com o controvertido Summer Palace, excelente dramalhão sobre estudantes apaixonados numa China de mudanças históricas. Em Spring Fever, a vocação de Ye para a controvérsia (Summer Palace foi proibido na China, conteúdo sexual não bateu bem) continua intacta, embora fique a suspeita de que controvérsia talvez seja o forte do filme.

Lendo os créditos de abertura e vendo que fundos de apoio a cinematografias distantes como o Fonds Sud (francês) consta lá na tela fica fácil relativizar questões de interesse (francês) no grande tema que vem da China já há alguns anos: mudanças.

Spring Fever é essencialmente uma historia de amores e amantes, começando com o homem casado que tem um amante, a descoberta violenta da sua esposa traída através do trabalho de um detetive por ela contratada, o envolvimento do detetive com o amante, para o desespero da namorada do investigador.

O homossexualismo filmado não é exatamente algo que vemos todo mês no cinema chinês, e podemos apenas imaginar as implicações de um filme que o mostra sem pudor na tela poderá ter na grande nação que é a China, dona de um jeito muito específico de lidar com questões tidas como tabú.

Para olhos ocidentais, vale relativizar isso e ainda adicionar o pano de fundo de um país que continua (como todos os paises, na verdade, no mundo globalizado), talvez mais ainda do que a media, tentando entender quem é, ou o que pode ser. A ruptura com a tradição, o passado, está tudo aí, num drama que se contorce com as indecisões e as neuroses típicas de quem ama. Curioso, mas longe de ser notável.

Filme visto na Debussy, Cannes, Maio 2009

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