Saturday, February 20, 2010

Long Live The New Flesh! (Berlinale Shorts)


por Kleber Mendonça Filho
cinemascopio@gmail.com


Long Live the New Flesh é o novo filme do belga Nicolas Provost. É um dos realizadores que eu mais espero ver fazendo um longa. O filme passou em competição em Berlim. Provost usa o arquivo mais potente de imagens do horror no cinema para interferir nessas mesmas imagens. Parece sugerir que a própria essência da imagem moderna é orgânica através dos pixels defeituosos, como tumores digitais que afetam a carne e o sangue expostos pelo cinema.

Ele não poupou seu arquivo que, na verdade, é o nosso próprio arquivo de visões indeléveis cinematografadas. Das citações aqui apresentadas, não é de se estranhar que o realizador mais presente seja exatamente David Cronenberg, cujo Videodrome (1982) fornece não apenas carne e sangue retrabalhados por Provost, mas também o título 'Long Live the New Flesh'.

Eu lembro que no surgimento do digital, e ainda hoje, a tecnologia de captação e reprodução de imagens foi/é acusada de uma constância irritante, diferente do celulóide, repleto, por natureza, de pequenas imperfeições e instabilidades. Provost parece ilustrar de maneira espetacular (as imagens corrompidas do grotesco, montagem e som desse filme são extraordinárias) que há um mundo em polvorosa na certeza numérica das novas formas de ver e captar.

Filme visto no Cinemax 6, Berlim, Fev 2010

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