Saturday, February 20, 2010
Berlim (texto preliminar)
"Roman, by the way, thank you"
Esse filme é merecedor.
por Kleber Mendonça Filho
cinemascopio@gmail.com
Ao anunciar o Urso de Ouro de Melhor Filme na 60a edição do Festival Internacional de Berlim, ontem à noite, no palco do Berlinale Palast, o cineasta alemão Werner Herzog disse “não temos nenhuma amargura nesse júri, as decisões foram todas muito rápidas”. O troféu foi para o filme turco Bal (mel), de Semih Kaplanoglu, com dois outros filmes saindo destacados, o romeno Eu Cand Vreau Sa Fluier, Fluier (Se Eu Quiser Assoviar, Eu Assovio) e o russo Kak Ya Provel Etim Letom (Como Terminei o Verão), cada um com dois ursos de prata.
Os resultados do júri comandado por Herzog, um dos maiores nomes do cinema autoral no mundo, podem ser considerados felizes, marcados pela lucidez. O filme turco é uma dessas obras delicadas, que conseguem transmitir em imagens de cinema o que seria o olhar de uma criança que perde o pai muito cedo, e que vê o mundo como pedaços de sonhos. É esperar que esse filme pequeno, muito bem composto, chegue aos cinemas do Brasil.
Escolha interessante, que tanto reconhece o talento, como também sugere uma defesa pública de Roman Polanski, foi o Urso de Prata de Melhor Diretor para o franco-polonês pelo seu trabalho no thriller The Ghost Writer. Aos 76 anos, Polanski está atualmente em prisão domiciliar na Suíça, esperando possível extradição para os EUA onde poderá cumprir sentença pendente para crime de sexo com menor de idade, em 1977.
Outra escolha com sabor ousado foi para a atriz japonesa Shinobu Yoshizawa, atuação corajosa no filme Caterpillar. Yoshizawa interpreta a esposa de um herói que volta da guerra sem braços e pernas, surdo e mudo.
O júri decidiu destacar dois filmes de jovens talentos do leste europeu. O prêmio Alfred Bauer, que estimula novas perspectivas para o cinema, foi dado ao romeno Eu Cand Vreau Sa Fluier, Fluier, de Florin Serban, que ainda levou o Grande Prêmio do Júri, urso de prata que agrega enorme prestígio. É o primeiro filme de Serban e conta a história de um delinqüente que tenta se comportar no reformatório, dias antes de ser solto.
Outro favorito dos jurados foi a impressionante aventura sobre isolamento Kak Ya Provel Etim Letom, de Alexei Popogrebsky. O Urso de Prata de Melhor Atuação Masculina foi dividido entre os dois atores Gregory Dobrygin e Sergei Puskepalis, que seguram sozinhos o filme, ambientado no círculo polar ártico. O filme levou ainda menção especial pela “conquista técnica extraordinária” pela fotografia (Pavel Kostomarov).
O prêmio da Critica, anunciado na noite de sexta-feira, foi para o drama dinamarquês En Familie (Uma Família), de Pernille Fischer Christensen, penúltimo filme exibido na competição. O Teddy Bear (o ursinho de pelúcia), prêmio anual dado ao filme mais destacado de temática gay, foi para o americano The Kids Are Alright, de Lisa Cholodenko.
A produção Brasil/Inglaterra Lixo Extraordinário (Waste Land), de Lucy Walker, João Jardim e Karen Harley, exibido na mostra paralela Panorama, ganhou dois prêmios: Público e Anestia Internacional, esse último dividido com Son Of Babylon, de Mohamed Al-Daradji.
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3 comments:
Bela cobertura, Kleber, muito boa de ler. Só tira o "temática gay" do Teddy Bear, que dói nos ouvidos! :) cacófato...
po, poderia ser um teddy bear hétero.
e thanks, man.
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