Tuesday, May 19, 2009

I Love You Philip Morris (Quinzaine)




por Kleber Mendonça Filho
cinemascopio@gmail.com


Jim Carrey foi até a Quinzena dos Realizadores apresentar I Love You Phillip Morris, filme que estava tendo problemas de distribuição nos EUA mesmo com Carrey e Ewan McGregor no elenco. O motivo principal da dificuldade é o fato de ser um filme de teor gay, onde Carrey contracena de maneira amorosa com McGregor e com o brasileiro Rodrigo Santoro. “O roteiro desse filme, o de The Truman Show e o de Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças foram os que me deram certeza absoluta de que eu precisaria fazê-los”, falou Carrey ao início da sessão.

O dinheiro para a produção do filme veio da França, via Europa Corp de Luc Besson. Há alguns dias, foi anunciada a compra do filme para os EUA via Consolidated Pictures. Os diretores Glen Ficarra e John Requa fizeram um filme estranho, que sugere inicialmente representar um ponto positivo para o avanço na imagem da homossexualidade no cinema comercial, usando atores de grande popularidade em cenas relativamente francas de sensualidade. Como era de se esperar, no entanto, I Love You Philip Morris termina sendo uma outra coisa.

Embora esteja sendo vendido como uma história de amor (e é), o filme, na verdade, é a história de um estelionatário (Carrey) que ganhou milhões, história real, espécie de primo não muito distante de Catch Me If You Can, do Spielberg, mas com orçamento reduzido. Diferente do filme de Spielberg, uma história de sucesso (sempre), I Love Philip Morris não acaba nada bem, o que nos leva de volta à estaca zero em termos de imagem positiva do homossexual, etc e tal.

Na verdade, os amantes se conhecem numa penitenciária texana, fator que já começa marcando os personagens como marginais, aparentemente incapazes de ter uma vida normal. McGregor está tentando, mas infelizmente sugere estar trancado numa camisa de força dramática, nunca o vi tão desconfortável. Deve ser difícil ser coadjuvante para Carrey, cuja presença enérgica revela que está claramente interessado no que está fazendo, mas é inegável que o seu gestual chega intacto de O Máscara.

Filme visto no Noga, Cannes, 19 de maio 2009

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