Wednesday, May 20, 2009
Les Herbes Folles, coletiva
Na coletiva (pouco concorrida) de “Les herbes folles”, Alain Resnais se declarou muito feliz de estar novamente no festival de Cannes pela primeira vez depois de cerca de vinte anos, mas deixou claro que essa ausência não foi uma escolha.
A uma pergunta sobre as suas motivações para continuar filmando, ele falou pragmaticamente que ele tinha que pagar as contas e acrescentou: “Je tourne pour voir comment ça va tourner” (jogo de palavras em francês que siginica “Filmo para ver o que vai acontecer”, ou melhor, “Rodo para ver o que vai rolar”). “O que me interessa, é produzir emoções. Mas faço os filmes como eles me vêem a cabeça. Pertenço de certa forma à escola surrealista, no sentido de trabalhar com a escrita automática e de deixar falar o inconsciente.”
Sobre o lugar dos seus filmes num festival mais marcado pela violência e o sangue, ele achou interessante ver como os tempos que vivemos afetam as tendências do cinema: “Isso revela uma certa lucidez: o cinema registra os atos selvagens dos quais é capaz a raça humana. O cinema acompanha tudo isso, assim como o teatro. Vejo ai uma vontade de transgressão.”
Os atores presentes (André Dussolier, Sabine Azéma, Emmanuelle Devos, Anne Consigny...) fizeram cada um a sua maneira uma homenagem emocionada ao “mestre” Resnais, ressaltando a generosidade e a curiosidade pela alma humana do cineasta. Anne Consigny lembrou da expressão de imensa felicidade que ilumina sempre o rostro de Resnais depois da filmagem de uma boa cena, deixando os atores num estado de “estado de graça”.
Resnais elogiou várias vezes o livro de Christian Gaillix do qual o filme é adaptado, também influênciado pelo teatro do absurdo de Beckett e Ionesco, dando ao filme um certo humor que, se não foi intencional, veio naturalmente.
Comentando uma frase de Thierry Frémaux, que disse que “a verdadeira herbe folle (erva selvagem) é o próprio Resnais”, o realizador contou que ele sempre teve uma saúde péssima, e que criança, um médico falou pra mãe que ele não sobreviveria. Por isso ele pode ser assimilado a uma erva daninha, um sobrevivente que apesar da fragilidade continua crescendo na pedra. Da mesma forma, Resnais comparou os seus filmes a ervas selvagens que ele dá a liberdade de crescer.
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
2 comments:
Nossa, que vontade de estar aí também...
Excelente cobertura!
Fiquei fã.
Absolument mer.veil.leux!
Tomei contato com seu blog, hoje, e já é meu favorito de sempre:-)
ah! sim, foi pelo Twitter que só por isso, já cumpriu seu papel:-)
Congrats.
Post a Comment